domingo, dezembro 24, 2006

a waltz for a night...

if you close the door

os degraus da escadinha para esse lugar de. sempre que chego, olho bem pra dentro, busco a profusão daqueles ecos todos refrescando todo o corpo arrepiado. a brisa suave como o canto que emana a tua lembrança. caminho devagar, os pés quase flutuam, encharcam a casa toda por dentro. nem eu havia percebido o quanto estava úmida! nem mesmo sei o porque de toda essa imersão... no entanto, calmamente, fui até a geladeira e abri o sachê. pão integral e pasta de atum. a janela permanecia entreaberta e ver o dia era como cortar a unha em excesso- uma dor instantânea e aguda. passageira. de passagem. os pianos insistem em perseguir-me por onde quer que esteja. o preto no branco. verão. fecho a porta da geladeira. pego as canetas e vou para a frente do outdoor. ninguém imagina.

sábado, dezembro 16, 2006

boom

... hoje eu queria explodir em palavras! Todas elas de significado e ânsia distintas. Explodir para integralizar, escrever num único parágrafo algo de efeito que quem lesse ficasse meio atônito mas que sentisse um prazer de ter ido fundo... além... queria escrever para as estrelas, para que elas me lessem e me chamassem de “minha querida” e que conversassem comigo como faziam com Olavo Bilac, mas que não mo lo dissessem para amar mais! Já amo, estrelinha! Naturalmente!
Nesse ano, que já está por menos de um mês – inacreditável isso – sempre que estive assim desejosa de produzir, de colorir a minha própria verve, pensei em Maria Callas... pensei em Oscar Wilde... pensei em quem sofre quando sente demais, quando se entrega demais, quando se nutre da oferta. Quem se oferece como utensílio de felicidade alheia, para momentos de prazer, de pura oblação, fervura intelectual... a loucura está exatamente em alguém usurpar desse dom, dessa arte, dessa bondade em prol de quaisquer exigência de razão individual.
Eu tive um professor que me apresentou a trilha sonora de um filme desses que te fazem chorar do início ao fim, te fisgam no teu âmago, jogam baixo com a tua emoção. Este, no caso, apresentava uma linda linda mulher, desembarcando numa ilha, sofrendo por ter acabado de perder o amado, sozinha com uma pequena e também linda filha para criar, suscetível às mais inconsoláveis situações e que tinha como único consolo a música, a sua arte interna, a sua glória em reinventar.
Bem, sempre que o meu professor colocava essa trilha sonora, no espaço da sala de aula, eu me sentia quase levitar, chorava muito por dentro... Era o sofrimento que me fazia voar, querer sentir mais e mais. Entrar fundo e ir para além cada vez mais... Imagino Callas quase inconsolável com a voz debilitada e totalmente emocionada ao ouvir-se quando tinha 20 anos. Imagino Oscar quando recém saído da prisão, sem nem mesmo amor próprio que o bastasse.
Tudo isso era para dizer que novamente ouço a tal trilha sonora e sinto o mesmo frio na barriga de quem dá um grande passo à frente, depois de ter sofrido, passo bem em direção à um desconhecido que se lhe aparece, mas com todo o sofrimento bem guardado, bem dentro, bem amadurecido, pronto para lembrar que é preciso antes ser feliz!

quinta-feira, dezembro 14, 2006

um pouco de glitter não faz mal a ninguém...

tudo tudo por causa do último disco de Gal -
um tal de mar e sol sexo e luz passo à frente que me embebedei deitei voyeur de mim alma apegada à linha da vida delícia de tom!

hoje amanhã e depois

"Te voy a querer todo, porque el amor a medias no existe”
(Iván Sáinz-Pardo)

bendizendo os malditos

Parecia que quando eu não estava vendo tinha alguém logo atrás de mim como que me esfaqueando, metendo uma bala bem no meio da minha cabeça. Sempre por trás, sem eu ver, sem a possibilidade de defesa. Um dia de medo, de medo de estar entre as pessoas daqui, entre essa malograda sociedade capitalista. Aquele tal abutre morreu essa semana, ditador frio e de merda, aliás como todos que se dizem estar do outro lado também, do lado do bem. Será que não percebem o quanto não passam de merda e de lixo? Aqui perto da minha casa tem uma usina de reciclagem, nela o lixo é transformado em mudas de plantas. Tem um espaço lá que se chama “berçário das mudas”- é impressionante a visão! Demasiado bela para qualquer olhar moribundo desses que te enchem de medo por saber que existem. Tô com medo, hoje, de todo esse narcisismo. Dei uma bela enfraquecida nas mãos e nos pés. Quase parei de andar, de comer, de pegar e alcançar qualquer objeto. Não sei ser pela metade, não o quero! Quero poder reciclar também o que eu tenho dentro. Faço o quanto posso! Pela janela posso perceber o vento que traz a chuva. Refrescantemente, o dia cai, a noite vem, o amor padece. Canso de abater-me pelas minhas próprias pernas... canso de ser abatida toda a vez que levanto-me para sair. O abatimento é o sulco social que me engole, de uma sociedade falida, que já há muito deixou de ser de muitos. Agora é para e de poucos. Dos mais bicudos. Dos que usam sapatos com sola férrea. Machucam quando passam e dormem com apinéia. Todos podres, sem descanso! A mente toda inflamada pela quantidade de mal que fizeram somente naquele dia. O cara que vende puxa-puxa na praia, todos os dias, morador daqui desde que nasceu, nem mesmo conhece as varreduras humanas que se produz, que se apaga todos os dias. Ele acompanha o movimento do mar, enxerga cada onda e reconhece os seus marulhos, os seus desabafos! Mas olhar o mar, parar em frente dele para uma conversa breve ele nota que já não tem mais tempo! Agora tem que andar pelas ruas largas da cidade tentando encontrar compradores para o seu produto caseiro. E senão encontrar sabe que não será de uma conversa com o mar que arranjará a solução para sobreviver. Pelo menos não ele que faz puxa-puxa... talvez se também ele reciclasse a sua vida, as suas flores, diminuísse essa sensação de bala na cabeça a qualquer momento... talvez aí sim, desenvolvendo-se sustentavelmente poderíamos ele, eu, os homens de sapatos duros sair dessa merda toda, desse estado de sítio constante, de traição compactada, de amor que ama pela metade, moribundo.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

dia cinza. aula adiada

um pouco antes de começar a aula, uma aluninha minha disse que tem um gato e que ele se chama "cormini" - achei o nome hilariante!
a outra veio correndo me contar que quase não viera fazer a aula pois lá no pátio acabara de saber que o T. estava gostando dela e não da G. ele mesmo havia contado! eu gosto de ti!
L. me disse que também tinha um namorado, mas que este morava longe e ela o tinha visto só duas vezes...
eu, boboca, fiquei toda comovida e quase chorei! essa vida é sempre assim, leva e traz... assuntinho mais precoce e gasto esse de amar!

meninas, meninas, o melhor mesmo é virar cambalhota! ficar de perna pra cima e ouvir música! todo mundo pra barra!

e eu fico tô parecendo uma adolescente frustrada e chaaaata!
êta dia cinza!

terça-feira, dezembro 05, 2006

in ite amarelada

insônia insônia nariz entupido sem gotinhas nasais pra aliviar o entupimento insônia boca aberta respiração afetadíssima pulmão doente escarro verde insônia resto de pizza na geladeira não tem melancia seios inchados cabeça bem insone efeito do pesadelo da noite passada mulheres ensanguentadas querendo invadir o meu quarto dizendo cosias que quero esquecer urgentemente pedaços de gente feiticeiras cheiro de fantasmas cama expulsiva nariz entupidíssimo ouvidos barulhentos saliva constante amanhece dia sol verão vou pelo caminho de pedrinhas até os fundos roupa qualquer e chinelo antes de a farmácia abrir ainda fumo um cigarro - o nariz resumido a uma função estética não sente cheiro de nada - como e sinto por automatismos olhos pequenos crise aguda...