sábado, dezembro 16, 2006

boom

... hoje eu queria explodir em palavras! Todas elas de significado e ânsia distintas. Explodir para integralizar, escrever num único parágrafo algo de efeito que quem lesse ficasse meio atônito mas que sentisse um prazer de ter ido fundo... além... queria escrever para as estrelas, para que elas me lessem e me chamassem de “minha querida” e que conversassem comigo como faziam com Olavo Bilac, mas que não mo lo dissessem para amar mais! Já amo, estrelinha! Naturalmente!
Nesse ano, que já está por menos de um mês – inacreditável isso – sempre que estive assim desejosa de produzir, de colorir a minha própria verve, pensei em Maria Callas... pensei em Oscar Wilde... pensei em quem sofre quando sente demais, quando se entrega demais, quando se nutre da oferta. Quem se oferece como utensílio de felicidade alheia, para momentos de prazer, de pura oblação, fervura intelectual... a loucura está exatamente em alguém usurpar desse dom, dessa arte, dessa bondade em prol de quaisquer exigência de razão individual.
Eu tive um professor que me apresentou a trilha sonora de um filme desses que te fazem chorar do início ao fim, te fisgam no teu âmago, jogam baixo com a tua emoção. Este, no caso, apresentava uma linda linda mulher, desembarcando numa ilha, sofrendo por ter acabado de perder o amado, sozinha com uma pequena e também linda filha para criar, suscetível às mais inconsoláveis situações e que tinha como único consolo a música, a sua arte interna, a sua glória em reinventar.
Bem, sempre que o meu professor colocava essa trilha sonora, no espaço da sala de aula, eu me sentia quase levitar, chorava muito por dentro... Era o sofrimento que me fazia voar, querer sentir mais e mais. Entrar fundo e ir para além cada vez mais... Imagino Callas quase inconsolável com a voz debilitada e totalmente emocionada ao ouvir-se quando tinha 20 anos. Imagino Oscar quando recém saído da prisão, sem nem mesmo amor próprio que o bastasse.
Tudo isso era para dizer que novamente ouço a tal trilha sonora e sinto o mesmo frio na barriga de quem dá um grande passo à frente, depois de ter sofrido, passo bem em direção à um desconhecido que se lhe aparece, mas com todo o sofrimento bem guardado, bem dentro, bem amadurecido, pronto para lembrar que é preciso antes ser feliz!

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