um turbilhão acetinado de convulsões pereclitantes...
as minhas mãos estão sem os anéis faz mais de duas semanas! esqueci no lavabo da casa de uma velha amiga- as duas muito ocupadas e morando em cidades diferentes não conseguem encontrarem-se para a devolução! putz, putz... eu quero os meus anéis! fiquei percebendo esquizitices em mim...
até parece que os meus dedos encurtaram, sei lá! o que, de fato me fez pensar que o ato sexual pode ficar um pouco atordoado com dedos tão pequenos... penso na mão, no toque, no laxante, e em primeiro lugar na vitamina C! ando comendo pouco ferro... congelei alguns potes de feijão... insisto em alimentar-me de vinho tinto!
tudo me parece, daqui de dentro da minha bolha, muito muito e muito rapidinho...!se me dessem um desejo básico, de porção básica: eu escolheria ouvir Maria Callas, bem atônita, andando pela casa vestida de branco e cantando uma canção em semi desespero! gostaria também de ver a Cássia Eller descascando uma laranja e comendo. a seqüência poderia ser Milan Kundera pensando sobre a insustentável leveza! seguido de Artaud ensaiando e treinando numa salinha pequena....
respira, Artaud, respira!
exaspero só de imaginar Marina Abramovic me dando qualquer tipo de informação sobre o seu contato com Buda e os seus famosos jejuns, os quais tanto desejo iniciar na próxima semana. e seguem próximas semanas- e a própria nunca chega!
ah, todas as minhas acetinações, não passam de um veludo barato para a imaginação! queria mesmo era ser Oscar Wilde e ter nada do seu narcisismo! já imaginou um Oscar Wilde bom coração? humilde e sentindo compaixão do mendigo?
assim ele seria mais perto de mim, desse meu lastimável trauma de menininha que tem as bochechas vermelhas e ouve os outros dizendo que ta ficando roxa, toda vermelha! que tem vergonha!
hoje eu sei que reflete ascenção da adrenalina e é charmoso esse efeito... mas antes! humpf!
nesse intervalo de tempo e de amadurecimento, os meus tecidos internos já parecem bastante costurados, rearranjados... e ainda assim, teimam em rasgar vez em quando, um pouco mais...
como é bom poder "tocar" num personagem!!!
3 comentários:
quanta imagem!!! e eu aqui so imagino o que passa nessa tua cabecinha... muitas saudades e vontade de dividir trechos de nossa existencia apartada... te amo!
assinaturas anônimas, desde que sinceras, me interessam!
abraço, anônimo!
Embaixo da minha cama tenho um velho baú que volta e meia abro para encontrar-me com pequenas porções de alegria. Naqueles dias em que as nuvens estão escuras e não dá vontade de acreditar em qualquer coisa, o velho baú me lembra que existe vida além da chuva lá fora e que mereço um pouco mais do que o mundo tem me dado.
No baú há muitas coisas, de diversas fontes. Uma sapatilha de ballet da minha infância, e até uma bailarininha de porcelana que ganhei uma vez por ter sido a melhor da turma naquele ano. Algumas fotografias amareladas, e outras nem tanto, com a característica comum de congelarem apenas bons momentos. Lembranças de família. A rolha de vinho do meu primeiro porre. Cartinhas, muitas cartinhas, dos tempos em que escrevíamos em singelos papéis de carta perfumados e acreditávamos mais no amor. E centenas de coisinhas de Maria Callas. Me sinto viva ao cantar a Habanera com meu conjuntinho de camisola de cetim e robe de seda pretos.
Lembranças do meu avô, que amava Callas. Aliás, em tempos remotos, ele foi seu namorado imaginário, e só não se casaram porque ela estava cheia de compromissos: sessões de fotos, concertos, autógrafos, gravações de novas e velhas canções. E para ter um lugar onde colocar essa tristeza, ele ia guardando tudo isso no baú. Mas quando a tristeza apertava mesmo, para valer, aí então ele passava horas a fio olhando as fotos e desenhando caricaturas, na esperança de que, ao enfatizar seus defeitos, a paixão se desse por conta de que deveria doer menos.
O amor é um pássaro rebelde que ninguém consegue aprisionar. E não adianta chamá-lo, pois ele foi ensinado a fugir. Si tu ne m'aimes pas, je t'aime. Si je t'aime, prends garde à toi!
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