quarta-feira, agosto 02, 2006

bolinhos de arroz

a tua casa tem jardim na frente. as minhas mãos vão tocando as flores e aguçam os espectros antes de entrar... gosto muito do barulho da lenha no fogo e em especial quando queima um nó de pinho... parece aquecer mais!
não venho pedir nenhum tipo de empréstimo, só as minhas mãos que estão mais saudosas e o toque da banda dentro do meu peito trouxe-me como a maré cheia...
lembrei hoje que o meu pai passava “vick” no meu peito antes de eu dormir! nas mão dele tinha um movimento tão longo... pesado...sentia lá dentro de mim, que a cada movimento das mãos dele, o meu peito se ampliava, respirava mais e mais infantil e sem nenhum tipo de sintoma com lama. ah, e também lembrei dos bolinhos de arroz com tempero verde da minha mãe! a casa ficou cheirando a fritura!
inverno... as janelas fechadas....leve orientação para alguns quilos a mais! ainda mais usando duas calças!
em relação ao nosso encontro sagaz, quase na soleira do hall...o que eu, terapeuticamente, gostaria de comentar é sobre a alucinação de um percurso paralelo entre nós. a impressão na pele de que tiranicamente não acabam as tuas alegorias e eu fico aqui, como que estanque numa bolinha de sabão dessas meio coloridinhas, esperando o teu próximo sopro!
não tem luminosidade!
e essa falta de exercício só pode estar contribuindo para uma aglomeração mercantil de substâncias com efeito moral em mim... aliás aquele antigo remédio que media a quantidade...lembra? esse não tem efeito nem em termos de olfato agora. todo o nosso racionalismo proposital e descontínuo foi destemperado quando a tal caixa (lembra?) foi aberta, por acaso, pela minha empregada.
ela chegou, bem soturna e tímida pra mim, sendo que estava eu fixadamente concentrada e disse: desculpa interromper a senhora, mas acabei abrindo aquela caixinha preta ali, porque ela estava vazando e manchando todo o móvel da senhora!
Jeito suave, o dela, de me mostrar o empapado dentro de mim! ora pois, como não vi antes que o que me bebias era por não teres tu, conteúdo próprio e pior: o teu jardim pega pó da rua. as tuas plantas não hão de resistir por muito tempo nessa recepção com ar de quem tomou comprimidos.
ferradura já gasta quando me dei de costas, musa bem perturbada essa minha! latitude covarde depois de dar às costas e dos meus olhos soarem todas as minhas contraposições! chora mesmo, mulher... que de tão romantizada passa as noites a figurar alguns amontoados de palavras pra fazerem sentido pra não sei quem! pra não sei que mãos! pra não sei que pessoas sentirem agora uma vontade de deitar, ser criança e esperar o papai chegar trazendo o remédio de boa noite!
todo esse discurso... como se o encontro não tivesse sido abrandado fingido!
ou então a gente faz um pacto de não ver os chamativos anúncios de sexo barato dentro do lindo vermelho telefone público de Central London...
ui, ui...enchi dessa besteira mansa de sempre achar que o mais premente é o encontro! as lembranças podem ser bem marcantes e ainda alimentarem- estou comendo bolinhos até agora!
amanhã, corto as unhas e corro por três horas, salvo a respiração que tem de melhorar!
quem disse que um sexo barato, de telefone público, não resolve!!!

Um comentário:

Anônimo disse...

hahaha! belo! estupendo! engracado!