quinta-feira, setembro 11, 2014

pântano hoje

aquele lugar de paredes de tempo parado, de marcas e manchas por todo o lado me faz ter enjôos, aglomerações no estômago. como presentificar o passado? será pela palavra? será pelo texto ou será pelo corpo de sensação, pelas orgias da respiração fraca aqui de dentro. minha respiração não flui como eu gostaria, ver a professora ali não me produz uma sensação de conforto, muito pelo contrário é de dor, é de trauma mesmo, de algo que por algum motivo não vingou, não saiu da zona de convalescer-se e entortar-se inteiro. as costas são uma concha, a espinha não mais ereta precisa de apoio, de outros corpos? o que seria o meu corpo ali? um corpo de outros? é o meu próprio corpo dentro de um hospício! eu que tanto o critiquei me vejo ali, assentada sobre aquela cadeira bamba, envelhecida e cheia de histórias macabras. não são fantasias não, aconteceram as piores violações ao corpo que se pode imaginar ali, naquela sala horrorosa, e eu ali? e eu? posso acionar algo aqui? nesta espécie de lugar insalubre, que cria e cultiva a doença, que a alimenta por todos os lados. saio antes do fim e sou um emaranhado, um pântano hoje.

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