terça-feira, abril 16, 2013

pão e resfriado

fui até a padaria. precisava comprar pão. mesmo com minhas vias respiratórias congestionadas e com um frio excessivo no corpo, coloquei uma roupa e fui pra rua. daqui de cima do meu apartamento vejo o rio e as copas das arvores, dali de baixo vejo o lixo e algumas pessoas sorridentes. ando na rua com a cabeça baixa. vejo as mudanças do chão: do paralelepípedo ao asfalto: da calçada à terra da praça. ouço James Blake e tudo é relevante. tudo é tão possível de tocar que passo assim meio cabisbaixa por tudo. a minha energia resfriada me conduz como se não houvesse ninguém ali ao lado.  prefiro que ninguém me veja e gostaria que o meu cabelo fosse mais escuro. ando lento para não fazer barulho, para que o morro ao lado da minha casa não acabe de vez com o pouco ar que consigo levar até os pulmões. compro o pão na padaria e volto pelo mesmo caminho. cruzo por uma senhorinha de cabelos brancos que mal consegue caminhar. me identifico com ela, só não tenho seus cabelos brancos. os meus são loiros e chamam atenção como os dela. meninas loira, alemã. levanto a gola da camisa e tento mais uma vez passar desapercebida pelos que passam por mim. pele branca, boca e pele ressecadas e com o pão quente na mão. não sinto o cheiro dele. minhas vias aéreas fechadas e  minha cabeça pesada abrem a porta do prédio e de novo não vejo mais ninguém somente estas palavras, letras escritas e apagadas de começar e parar de escrever.

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