sábado, outubro 13, 2012

       casa
     corpo
   cosmos
caosmose

assoalho

o assoalho aqui é seco, já gasto. a sequência de pensamentos é densa, traz um gosto de vinho na boca e insiste em não me deixar suavizar. tem um quê de perpétuo tudo isto, toda este deslizamento ao sistematizar. hoje vi Caetano falando do tempo do exílio do quanto ele estava deprimido para fazer música, daí chamou o Macau e juntos fizeram o Transa, um dos meus discos preferidos dele. essa coisa de seco com fresco me faz pensar num exílio, ir para fora daqui, do que se sabe e produzir o máximo do que não se sabe e refrescar o lugar onde se pisa.

entre as árvores

era noite clara ainda. as luzes estavam acesas na casa, mas quando ela menos esperava elas apagavam, tudo se calava, as portas batiam vez em quando, a casa ficava no alto e ventava muito naquela noite. os faróis vinham de longe e quando chegavam mais perto apagavam-se na curva. ela por dentro era deserto a ser habitado. as frestas entre as árvores refletia a luz dissipada, o cheiro de poeira que os carros deixavam. tudo ali era silêncio de mato e por dentro uma cachoeira de lembranças inundava seu estômago. ela sabia que quando a luz do farol se mantivesse acesa era porque ele havia chegado e aí, talvez naquela noite, as luzes se mantivessem acesas até o dia nascer de novo. eles teriam a noite toda para restituir o infinito no que insistia em ser finito.

e

Talvez aqui eu esteja subnutrida iniciando um rito simplesmente quebrando alguns pratos.

comprar flores 1

Passava a maior parte do tempo na rua, olhava o céu e comia uma comida que fosse bonita. Buscava umas belezas em lugares estranhos (entra uma obra de Francis Bacon) Condensava os meus pensamentos enxergando a partir desse olharesquisito e adivinha o que via? Pessoas chorando nas escadas das catedrais! Cheguei a ver uma menina sair da Tate Modern fazendo o que? Chorando! Eu que freqüentava os arredores do Tâmisa e os jardins da Tate sempre que podia, estava fadada a ver arte e 
sofrimento?