quinta-feira, junho 08, 2006

carta dois

meu bem,

Começo sorrindo... desde a última vez que te vi não me sais da cabeça! Tu hás de convir que aquele lugar era um tanto insólito e equivocado ao que tínhamos nos proposto fazer, não? Como poderíamos ficar a sós num set de filmagem? Ainda lembro do momento que eu cheguei e te vi contra a parede... aquela garota ali à tua volta, hum... ainda não me respondeste qual é a relação ali alimentada, ahm?! risos... com efeito, eu não me importo nada nada, tendo em vista o meu arsenal de estratégias para te seduzir... garanto horas com mel e sabes disso! Mais risos...
Bem, como eu ia dizendo da “ vez primeira em que te vi”... (não repara não! hoje estou, especialmente de bom humor!) ouço uma música “lado B” aqui, e me lembro de coisas divertidas... especialmente Yeah Yeah Yeahs...um dia caí escada abaixo, num pub, só pra perguntar pra um cara onde ele tinha comprado o bleiser preto de veludo... e quando finalmente cheguei na porta do banheiro e fiz a pergunta, o cara me disse que era emprestado e o amigo não estava ali para me responder, mas que eu voltasse no outro dia e perguntasse ao tal amigo...essas coisas que só num pub cheirando a filtro amarelo! Eu estava lá, bem louca e música “lado B”- adoro isso- saindo pelos meus poros...! tocava The Bravery e eu subia as escadas como se nada houvesse acontecido e de fato era a verdade!
O set todo no intervalo... lembro-me que já eram quatro da manhã e ainda estavas dormindo quando iniciaram a segunda parte das gravações... o teu olhar, ao acordar, foi um dos mais lindos que já vi: um misto de sobriedade e sensualidade... exalava dos teus olhos, e eu vertia em desejar-te!
Nós temos de ir, estão chamando todos, te dizia ainda inebriada. Pouco a pouco te movias e vestias a roupa, o corpo ainda ecoava os espasmos nossos. Eu, punha os óculos! Risos...
Por favor, dear, da próxima vez vamos tomar um chá das cinco e ouvir “une chanson douce”! tenho uma linda versão para te apresentar...
Cantarolando que estou... por aqui, a lareira espera a tua mão para acendê-la e as flores? replantei-as hoje pela manhã na floreira de cima. Mas ainda não sei bem o que fazer com o fícus que anda tão fraquinho, como pode o sol não fazer-lhe bem?
Fumo cigarros de menta e mais uma vez te recordo... andas assim contaminando a minha memória de um jeito e modo qual uma rede, dessas bem virtuais, dessas bem contemporâneas que mesmo quando se tenta escapar ela vem e digeri as novas informações readequando-se a elas e pronto: já estás de novo na rede! Difícil, bem difícil mesmo de escapulir! A mensagem já não pertence a quem a originou, mas sim, às conexões da rede, às suas interfaces!
Hum... presa às leituras relacionadas! Então... My way?

Te desejo um bom trabalho por aí e quando vieres, não esquece de trazer o meu óculos, tá?! Ando num constante “simulacro” sem eles- vendo tudo com um duplo sutil, com uma aura que só pode ser proveniente dessa disfunção na retina.... ou melhor, de um estado bruto e cru de alguém que existe muito melhor quando está perto de ti, do teu corpo, do teu cheiro.
Te espero pianíssimo!
Tua, Joana.

Um comentário:

Anônimo disse...

ai carina carininha...
inspira e expira