domingo, maio 07, 2006

exercício um


Ontem era quase uma afasia. Movimentava-me como quem medita e não como quem tem atitudes. A coceira era interna, sentia entre as pernas, constante. Lembrei, antes do almoço, do momento que te encontrei. Havia sido no dia anterior, por acaso: a imagem do teu aceno, catastrófico, me fazia rir: derrubavas toda a tua bebida no colo do senhor de terno que apenas passava por ali. Eu, não me contive e ri, tu, enrubeceu. Foi, ao cabo, um movimento involuntário, emocionado...
Já não nos víamos por tempo inadvertido- eu, tendo estratégias de clausura. Bem, tirei a echarpe que vestia e andei rápido para oferecer, sutilmente, ao senhor que fora lesado pelo arroubo. Peguei na tua mão e saímos, cúmplices. De volta ao bar, outra bebida e te falei sobre o pastor luterano que era meu confidente: ele faz “cavalinho” com a mulher e agora apaixonou-se pela aluna da classe de psicologia! Você, estava agitado...confuso. Dizia-me que preferiria ter pedido um chá, que o estômago não ia bem...
A noite já caía, lívida. Fazia frio. Prenunciei ir embora. Deu discussão. Pude sentir cair sobre ti uma camada espessa de desgosto, olhar atônito. - Já não fulguramos mais, nossos intervalos não são sincronizados! E, pra falar a verdade, a coceira está aumentando a cada novo instante; preciso ir!
Depois de apagar o cigarro e te beijar, de lado, aconselhei a leitura da revista que estava sobre a mesa. Te deixei em boa companhia, enfim.

Mesmo esquecendo-te, não te esqueço, querido!
A afasia continua, meditando-me. E já se passaram 24 horas!

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