quarta-feira, maio 02, 2012

dias de Lampião


O corpo como algo que se comprime, como um casco rígido, cheio de ranhuras, cheio de não movimento, um corpo que ficou deitado por muito tempo, inicia agora um movimento de levantar, de andar e pegar em objetos parciais. Tudo é real e completamente pontiagudo. Os astros e as pedras, a nostalgia da libido. Por vezes é difícil encontrar a chave que abre os sentidos. A arte parece ter me deixado e o que me vem são imagens de árvores, muitas árvores, a floresta é verde por dentro, no entanto aqui fora é ainda árida, cheia de formas envergadas e secas, duras feito o solo sem chuva, feito o sertão em dias de Lampião. Aqui as palavras são minhas cúmplices: revelam o que eu escrevo e guardam o que eu penso. Mas porque não escrever o que penso? Porque não mostrar-me sendo. O que é que dança agora? O que é que me assombra como uma tsunami e pára diante de um muro de pedras? Será que o meu inconsciente órfão encontrou finalmente um lar? Um lar sem pai nem mãe; só meu, com as minhas máquinas e práticas, com a minha estética, que hoje, é pura melancolia. 

Nenhum comentário: