sexta-feira, março 30, 2007

porto alegre. av.oswaldo aranha, 8°andar. 18:45h.


me consumindo parte 1

... olha, cara, eu já desisti de considerar que tenho qualquer coisa nesse mundo! nada é meu de verdade! nem o meu apartamento: pago condomínio, iptu e o diabo a quatro! nem o meu carro: pago ipva e o caralho a quatro! quer dizer... ainda agora tava pensando que nem o meu corpo, porque quando tenho qualquer coisa e preciso de algum tipo de médico e/ou profissional da saúde os caras podem me emboletar por dentro de um tal jeito que passo a não ter mais controle sobre mim mesmo. não me governo mais!
é remédio para tudo o quanto! e um puxa o outro, quer dizer... não passa de um mercado novo! um mercado a mais pra mandar em mim! e as necessidades impostas/viciantes não páram nunca mais! sou um bonequinho mesmo...
caramba, porque que é que não vão brincar de boneca, hein?
deve ser trauma de infância desses políticos, psiquiatras e agentes de trânsito!

(solilóquio criado/inventado/real)

"Yo prefiero adquirir un nuevo amigo a un nuevo coche." (Castoriadis)


sexta-feira, março 23, 2007

de longe

Um dinossauro dentro de mim afasta-me tremendamente refugiada e designada para a trépida viagem de embalsamento das cessações. Repetidas seqüências destoam dos antigos drops que embalavam expressões animadas e tímidas. A overdose de mim para mim congela as plantas ao sol e guiadas petaladamente uma após uma são jangadas ao mar dentro de um vidro, de um cubo-vitral serenizado pela memória doente de uma estátua distinta e lacônica.

segunda-feira, março 19, 2007

"(...) agora eu morri, vamos ver se consigo renascer de novo, por enquanto eu estou morta!"
by Clarice Lispector.

singing...

questões similares já estavam aqui quando ainda nem respeitava o fluxo ao certo. aliás quanto mais falava mais as palavras perdiam a questão. quando a dúvida era tempo ou horas a fio eu já tinha perdido a rota. as letras eram quando ainda nem tinha a caneta a cabeça girava num tom de carrossel desses lentos mas contínuos. dancei sem sair do lugar. ação parada no tempo da minha idéia. ritmo ainda descontínuo, mas em movimento. ... in the rain...

sexta-feira, março 16, 2007

"babylise"



Carina Sehn na performance "Babylise" apresentada no departamento de Teatro da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. (fotos de Élcio Rossini)

quarta-feira, março 14, 2007

ladoalado

seguem os dias e as noites na casinha. a suavidade de ninguém bater à porta é mantida. o telefone pouco toca. organizo os papéis de acordo com o jazz que ouço. aqui ao lado mora um saxofonista! ontem nos encontramos na esquina. ele pouco fala. nem olha para o lado. mantem a barba bem feita. já ela, a mulher que estás empre o acompanhando, é sorridente e sensual.
só consigo pensar no circo! como farei com o fogo? com os equilíbrios? ouço todas as trilhas sonoras que poderiam servir de inspiração. o jazz permanece intacto. no entanto queria mais piano e tambor! a correspondência com a europa vai muito bem! recuperei as fotos con mi amor! ele que vi um dia inteiro e depois não mais... tão autêntico, tão estético, entrando sem camisa para apanhar cigarros... me disse que num primeiro olhar se sabe de quase tudo! sim, posso imaginar o que ele soube me vendo sair do banho só de toalha! entretanto não deixa de lamentar-se por não ter seguido a intuição! almoçamos e vimos muitas obras de arte o dia todo... foi nesse mesmo longo e intempestivo dia, que vi a diretora do grand cirque -impressionei-me! ela contou que não cogita sair do teatro na semana que antecede uma estréia. dorme e faz com que durmam ali mesmo! as portas se abrem no dia da apresentação e os atores saem depois disso. saem da clausura. saem dos braços dela. e ela sai dela mesma, daquele seu prospecto alucinado e também vai dormir na sua cama. na sua casa, nos braços da mulher que a acompanha. essa, estava ali do lado dela em toda a palestra. contou um pouco de como se conheceram e tinha um olhar quase fixo na companheira. uma cumplicidade de dar até medo! sempre impressionou-me esses casais que se mantem juntos em todas as ocasiões. me parece quase anti higiênico toda essa disposição!
mas vá lá! a mulher do saxofonista nem deve gostar mesmo de piano! e a mulher da grande diretora nem deve gostar de cinema! e assim segeum os dias e as noites de puro amor! amor com asa! amor com chulé! amor sem distâncias!
tá, vendo querido, como sei ser romântica!
gosto de tudo em ti, principalmente das tuas intuições... já me sinto com asas!
oh... idéia para o circo! nada de fogo e sim trapézio!

segunda-feira, março 12, 2007

quem disse que não tem?

tem um cara aqui embaixo que fica fazendo uns sons de vento... de avião...não sei bem! talvez esteja brincando com uma criança... ainda não sei! o cara repete sons de vôos!
será que tem um avião de papel? ou ele é um desses que gritam na frente do ventilador pra ver a voz distorcer? ou desses que ficam batucando na poltrona da sala de espera como um galope de cavalo? ou um desses que assoviam no elevador?
é... são mil platôs!

sexta-feira, março 09, 2007

quarta-feira, março 07, 2007

seguem-se dias e noites sem texto livre...

Gilberto Braga volta à cena. lembra de vale-tudo? lembra de Heleninha Roitman, de Maria de Fátima e de Odete?
lembra que as mudanças acontecem depois de um longo espaço de tempo? que na maioria das vezes a gente tem mesmo é que se adaptar às repetições? êta, família brasileira e seus relacionamentos programatizados, onde nem mais a relação homo sobrevive sem cair numa mesmice de padronização. sabia que agora todo o mundo quer casar e ter todas as honras de um casal normal e sob as leis da santa?
bem difícil o desprendimento e o fato de que os prédios, os tantos prédios construidos à base de concreto não possuem amortecedores nos pilares e nem vidros à prova de balas...
quer dizer, a gente vai assitir uma outra novela do Gilberto Braga. os gays ainda vão continuar querendo constituir famílias politicamente corretas e a coca-cola não vai deixar de enfeitar a ceia de natal!
Bush no poder e os padres dando "sermão"... educação tradicional!

domingo, março 04, 2007

take a chance


sair pulando. pela porta. tênis azul clarinho. camiseta rosa. colarinho pra cima. coruja insone. telefone não pàra! dizer que não estou se somente eu posso atender... maquiagem borrada. olhos pequenos. esquina cheia de curiosidade. depois daquela música. agora sempre antes e depois de magic numbers. a tal capa de permeabilidades.... era como cair da janela. nenhum arranhão. minha amante.
perdi a festa! capacete, bike e muito vento! cabelo arranhado com gilete! o calendário do novo ano já bem rabiscado. improvisões.
quando me serviu o rum sem se comprometer minimamente, sem me olhar nos olhos, pegou o gelo com a própria mão. lambeu-o. lambe-o. repousou devagar no meu copo. quando eu vi de novo ela já não estava mais ali. interventora fantasma? imaginação aguçada pelo acúmulo de imagens? muito cinema ruim. oscar-candomblé. me incomoda pensar que existem pessoas que nem assistiram o último capítulo da novela das 8 e ainda assim a sua opinião sobre a família brasileira e o seu analfabetismo funcional! ah esse meu povo que desafina! que é tão que é tanto que nem sabe o tudo que já tem!
quando eu saí do bar ela estava lá fora. um cigarro e um copo de rum na mão.
bebíamos a mesma bebida!

quinta-feira, março 01, 2007

ali na soleira.


hoje ela só lembrava do filme que havia assisitido ao chegar na cidade. era "the hunger" com bowie, sarandon e denueve no grand elenco! eles bem vampiros, bem audaciosos...
hoje, pintando as unhas de marrom, sentiu vontade de também morder!
quando a campainha tocou ela não atendeu. era como se não lhe faltassem motivos...
foi até a geladeira e comeu uma melancia vermelha. depois um copo de iogurte de côco. às oito horas da noite era já tarde demais para retroceder - ela pegou o telefone e disse: olá. como tem passado? hoje tenho a tua bebida preferida aqui! o que fazes? ah, é mesmo? então creio que a solução é vires até aqui para compartilharmos as novas perspectivas. posso te esperar em quanto tempo? ok!
até a hora marcada, ela preparou a luz bem baixa e as taças de vinho no centro da sala. quando a campainha tocou, ela sabia o que lhe esperava e já não temia nem mesmo a ela e muito menos a atitude de quem esperava.
estava tudo perfeito e era bem saudável!
a casa tinha jadim e poderiam inclusive apreciar a lua cheia.
já era chegada a hora!