terça-feira, novembro 14, 2006

Ainda sob efeito do sono. Manhã. Cedo. Rodoviária. Espera para entrar no ônibus. Na minha frente a vassoura da limpeza pública mexe de um lado para o outro. Uma técnica que quase remove os meus pés do chão para alcançar embaixo do banco, para capturar restos de cigarros e sujeiras soltas. Movimentos circulares com um final de repuxo, impulso para a próxima vassourada. Vem, vai e puxa! Vem, vai e puxa! Vassoura de ferro, lã e mola. Um forte choacalhão para livrar-se da sujeira e de novo outro círculo e outra puxada.
Demoro vendo a moça negra que varre. Nos seus olhos um quê de indiferença aos que como eu esperam o seu ônibus. Importa-lhe a sujeira, cada grão, cada ponta de cigarro e os pés e as malas pouco lhe importam, queria mesmo era que fossem todos embora! Concentração ascética- concentração invejável! Me chama a atenção a falta de água no seu ofício que apenas remove a superfície. Dá a parência. Concentração de aparência? Isso não! Ela quase varreu os meus pés! Poeira, círculos e repuxos! O cabelo dela preso e as mãos sisudas. De Box em Box. De pés em pés. De banco em banco. Momento breve. Passageiro. Definitivamente passageiro! Espera. Entrega da passagem na mão do motorista. Bom dia. Nenhuma despedida. Volta breve, moça negra que varre!

Um comentário:

ballerina disse...

lindo lindo lindo, o pormenor q ninguém liga, cheio de infinita beleza, pq cheio de vida(s).
ps. mudei de casa e sem net fica dificil cuidar do meu jardim... obrigada pelo comentario anterior, é bom saber q alguem como voce se interessa pelo meu canteirinho...
um beijo, ballerina***