quarta-feira, novembro 01, 2006

afinal.


Te vi ainda de costas. Arrumei os meus anéis.
Hoje cortei toda a grama verde amarelada. Ninguém percebeu nada, a casa vazia.Te vi. Sabe aquele som de porto, de cais quando o navio se aproxima? De vez ancorei a tal saudade. Descuidei ou por não sei nem o quê, você continuou de costas. Percebi que o meu tênis estava desamarrado. Abaixei e refiz o tope, o nó. Tempestade em mim. Nem você, nem ninguém ouviu o sax que se confundia no prédio ao lado. Devia ser um desses músicos que acabou de chegar em mais um desses constantes navios. Eles chegam, tocam pra tentar descobrir a bossa-nova e não a encontrando, não recebendo o divino tom, vão embora assim que o dia amanhece!
Quando não se é percebido, quando a nota não sai, é melhor mesmo entrar no navio pra partir. Voltar. Qualquer coisa dessas que movimentam grandes espaços de tempo.Ir pelo oceano pode ser o mais vantajoso para quem passa a maior parte do tempo em terra firme. Afinal. Recolhi a grama que cortei, juntei-a e coloquei num saco preto. Colocar num saco preto pode até ser lona de circo, mas sem as estrelas. As minhas constelações deixaram de brilhar pra quando você virasse de frente não se cegasse. Parei ali, bem ali. Viras-te enfim. Âncora ao mar. Vento permanece na plataforma. O sax parou nesse instante.

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