segunda-feira, junho 26, 2006

vertigem floral

abomino as estampas! vertigens florais, adjetivos concordantes, não, não, não! ai, cansei de ser atleta! voltei a fumar marlboro lights e não te entendo quando dizes estar parando com o vício... como podes te concentrar?! é, mas a gente sempre cultivou preâmbulos, é bem verdade! está bem, sem aglomerações! uma coisa de cada vez! mas não estou conseguindo, não... tô cheia! tô a beira da erupção! latido do inferno! o perfume por toda a parte! foda-se! foda-se a elegância! fodam-se os enunciados florais!
tomei um porre a dois dias atrás, não lavei o cabelo e usei a mesma calça por três dias inteiros só para sentir o cheiro do tempo... como parar os cheiros? eles sempre voltam, saco!
semana passada estava andando de volta pra casa, a pé, e quase jurei que te vi! estavas com o cabelo amarrado, de óculos e, por trás, aquele olhar paralisante. aí pisquei, e vi que se tratava da atendente da loja. péssimo!!! continuei andando e vi um cara meio bêbado pela rua. desses que estão a beira da morte só pra variar... desses que nunca ouviram Keith Jarret e quiseram viver mais um pouco só para ouví-lo de novo e de novo... pois eu o ouço agora! gozando ao piano... ele toca, suspira, grita e me penetra!
voltando ao cheiro... não sei mais qual a melhor saída- a calça... lavei hoje! afinal, esse cheiro de pitanga não camisa, na rua, na esquina, nas minhas mãos... ele vem com o vento! vem de longe! faz-me abominar algumas coisas, inclusive as estampas, inclusive a comida, inclusive as circunstâncias!
olho pra dentro de mim e vejo uma pitangueira em flor! como pode?a solução talvez seja sair e comprar umas sementes de camomila, hortelã e rosas brancas. mesmo assim vou plantá-las fora de mim, em algum vaso de barro...
gritar agora não abafa o perfume!

aumenta o volume! abre as janelas! espalha o vento dentro da casa! tira essa toalha da mesa!

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